terça-feira, 25 de outubro de 2022

Botando a cabeça prá funcionar: 30/2022: Enchendo linguiça

  



Uma expressão popular no sentido figurado significando se delongar nas falas com assuntos pouco ou nada importantes apenas prá impressionar o interlocutor ou apenas preencher o tempo.

Nos dias de hoje o preparo de linguiças nos frigoríficos modernos ou mesmo as de preparo artesanal exigem certos critérios .  Há que se atentar para a qualidade da carne bem como o percentual de gorduras deve seguir normas determinadas por quem entende do assunto . Mas nem sempre foi assim. 

Como não sou perita no assunto , melhores explicações não posso dar , então literalmente fico com o trocadilho, vou "encher um pouco de linguiça " ...



A imagem mostrada pela Chica  no seu desafio fez-me voltar a um passado longinquo da minha infância . 

Criada em cidade pequena ,ainda em desenvolvimento, guardo na memória passagens de uma infância simples , sem vaidade e sem "os luxos " e facilidades de hoje . 

Os detalhes captados pela memória tem o poder de provocar os mais variados sentimentos de saudades e amor pelas coisas simples, as pessoas com as quais convivemos , o troca troca de favores , as amzades sólidas .

Casas com quintais grandes , nós crianças da vizinhança todas como uma grande família , as brincadeiras no quntal, as festas populares que nos uniam... e o dia da matança do porco...

Sim , muitas famílias tinham esse costume de criar porcos em chiqueiros no fundo do quintal ou em alguma chácara na periferia da cidade . Hábito esse que era mais uma questão de sobrevivência. 

 A família agindo assim estocava alimento por um longo período . E como a energia elétrica era precária e nem todos tinham geladeira , a carne era conservada na própria gordura , bem como os torresmos . 

As linguiças eram fabricadas artesanalmente com muito trabalho no preparo . Aluguns usavam a própria tripa do porco depois de muito bem fervida e higienizada . Mais tarde começaram a surgir as tripas desidratadas que já facilitavam o preparo . Daí até chegar a uma máquina de moer a carne e encher linguiça de forma mais aprimorada levou-se um bom tempo.

É aí que entra a importância do bom e velho fogão à lenha . Prontas , as linguiças eram colocadas penduradas acima do fogão a lenha e ali ficavam por um bom tempo até que fossem totalmente consumidas .

Colocar a linguiça acima do fogão a lenha , que sempre tinha brasa o alimentando , era uma forma de conservar o alimento por mais tempo e ficavam ali num intuito de defumação. 

Depois eram fritas na gordura também estocada e servida às refeições . Algumas ficavam mais "apuradas " , então eram usadas como salame . 

Gente simples, vida simples, muito trabalho e também muita fartura , união e aconchego !


*********

Bem, mas chega de "encher linguiça "

Esta foi minha participação . Espero não ter cansado o leitor após tantas delongas .

Quer participar ? É só clicar aqui

20 comentários:

  1. Não dá pra cansar quando a leitura é interessante e boa!
    Adorei tuas reminiscências e era mesmo tudo diferente naqueles tempos...
    Encher linguiças assim era legal não? Só a parte da matança do porco deveria ser triste de ver ou ouvir...
    Ficou Ótima tua participação!
    Obrigadão! beijos, lindo dia e semana! chica

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    1. Ah, a matança do porco? E eu que não era boba n nada, rsss...só entrava na história depois do porco morto...as que dava a peninha do coitadinho, ah, isso dava. Pobrezinho, s defesa!as fazer o quê,não é Funciona assim até hoje, bora muitos sejam contra esse hábito humano de "comer carne de animais" .Um há Ito que vem de nossos ancestrais por uma questão de sobrevivência.

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  2. Bom dia de toda paz, querida amiga Edite!
    Excelente dia participação!
    Ficou bem original também e ainda bem humorada.
    Não encheu linguiça no post, muito pelo contrário. Brindou-nos com uma prosa bem verdadeira de quem tem conhecimento do interior. Gostei muito.
    Nos casamentos da roça, era comum encher linguiça e carnes na banha para não estragar.
    Há poucos anos fui madrinha de um casa.rmro em MG onde no almoço do dia havia a deliciosa carne suína assim conservada.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos com carinho fraterno
    😘🕊️💙💐

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    1. Bom dia, Roselia. E como era saborosas as carnes conservadas na gordura do porco. O progresso trouxe mudanças, mas as reminiscências da infância permanecem.

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  3. Bom dia Edite,
    Gostei de ler as suas memórias, muito semelhantes às que tenho sobre o assunto, também da minha infância!
    Tempos idos que ainda hoje falam muito ao nosso coração.
    Excelente participação.
    Um beijinho e uma ótima quinta.
    Ailime

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    1. Um tempo que não volta mais . As memórias transcendem diante de imagens como está da Chica.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Adorei ler a sua participação repleta de boas recordações, querida Edite. Sim, a vida era bem mais simples e sem frescuras...rs.
    Tenha uma abençoada tardinha.
    Beijinhos
    Verena

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  6. Que bela escrita, Edite! Seu conhecimento é formidável! Parabéns! Beijos!

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  7. Obrigada,Mariauiza? Vc sempre tão generosa.

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  8. Sabe tão bem recordar.
    Linda e sentida participação.
    Beijinhos

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    1. Obrigada Maria . Apenas uma imagem e trouxe tão gratas lembranças.

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  9. Um belo relato Edite, de uma coisa que vivi intensamente, pois meu pai, era o matador oficial na vila num pequeno interior, eu menino o seguia orgulhoso de sua tarefa e arte de abrir e tirar as carnes em suas varias partes e adorava cortar o toucinho para torresmo e para as linguiças. Lendo e recordando vivamente todo seu relato.
    Um abração e tudo de bom.

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    1. Boa noite , Toninho ! São tantas as recordações denosso interior. Cidades pequenas , ainda essurgindo para o progresso. São tantas as histórias que vivenciamos , quase impossível de acreditar para a geração de hoje. Bom recordar.

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  10. Esta imagem nos proporcionou irmos longe em nossas lembranças. Gostei de saber como foi sua vivência com esta prática que se realizava nas famílias com seus quintais que favoreceriam criações de animais para a culinária. Bom final de semana

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  11. São tempos distantes e que ficaram na memória . Recordações que nos remetem a tempos remotos de vida simples , gente simples.

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